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refleções de natal

Dentro de alguns dias será Natal. Difícil não escrever sobre o assunto, sem ser repetitiva, até porque venho fazendo isso há quase vinte e cinco anos. Gosto das comemorações de fim de ano, por vários motivos. Primeiro porque simbolizam, de forma geral, uma pausa na correria das horas, um momento de confraternizações, de reencontro com a família e amigos.

É inegável que há todo um clima preparado pelo comércio para tornar a data mais rentável, estimulando as pessoas a presentear umas às outras. Consumismo exagerado à parte, admito que há certo valor afetivo em presentear e ser presenteado, essencialmente se o gesto importar mais do que o presente em si.

Vivemos de ciclos que terminam e recomeçam, figurativos ou reais. Essenciais para nossa organização social, para alimentarmos esperanças, é com alívio que vamos vivendo entre o que termina e reinicia. O contrário disso, a linha que se mantem reta, já não indica vida.

Natal é também tempo de refletirmos sobre nossas atitudes, de o quanto fizemos pelo outro e por nós mesmos. Para aqueles que professam a fé Cristã, a lembrança Daquele que se fez carne para caminhar entre as pessoas, a comemoração de um nascimento que nos faz renascer em Amor e Esperança. Tempo de darmos valor às pequenas dádivas que vão passando despercebidas na rotina dos dias, da oração que se fez atendida, das graças que nos circundam.

A par disso tudo, no campo mais mundano, temos as comidas típicas, as decorações luminosas, os filmes açucarados, com temas natalinos, a preparação das receitas de família, dos encontros que vão se tornando as histórias do futuro, o ontem afetivo da nossa existência. Creio que todos nós tenhamos alguma lembrança especial ou um perrengue mesmo, vivido em tal data.

Tenho lembranças de Natais à espera do Papai Noel, de acordar de manhã e encontrar os presentes embaixo da árvore, de comer comidas simples e deliciosas preparadas nas casas dos meus avós, paternos e maternos, de preparar presentes para os amigos, para os sobrinhos. Houve ainda os Natais das ausências, da lembrança de que alguns convidados se ausentam de forma involuntária e para sempre. Natais de Luz e Natais de saudade.

O passar dos anos, porém, trouxe-me também a consciência de que para muita gente não há Natal. Entre as luzes e as promoções das lojas, entre o cheiro dos panetones e iguarias nas padarias e lojas especializadas, há aqueles cujas vidas se perderam nas sarjetas, desprovidos da esperança que vem a reboque de datas comemorativas. Não quero, com isso, porém, afirmar que a dor alheia nos deva impedir a alegria, mas apenas que não pode ser completamente ignorada, ainda mais se dermos ao Natal o seu real significado.

Proponho, assim, algumas reflexões para este Natal de 2024: o que fizemos e o que podemos fazer pelos nossos irmãos sofredores, conhecidos ou não? Podemos doar tempo, afeto, ajudar em algo? E ainda, o que fizemos pelos nossos próprios renascimentos, para construção dos nossos Natais futuros? O quanto temos sido generosos com nossos dias, compreensivos com nossas falhas, críticos com nossos erros?

Que venham os próximos Natais, com seus aromas, sons, dilemas, recordações. Que Ele nos encontre melhores, para nós, por nós, para Ele e por toda humanidade.

Cinthya Nunes é jornalista, advogada, professora universitária e espera escrever ainda sobre muitos outros Natais felizes – Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo./www.escriturices.com.br