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largada

Falta somente um mês para acabar o ano. Por mais que a gente saiba, intimamente, que em 1º de janeiro, seremos exatamente as mesmas pessoas e que a mudança de números não terá o poder de reiniciar nossas vidas, quase todo mundo traça metas anualmente. Culturais ou exotéricos, não sei, mas os ciclos estão aí.

O mês de dezembro, na minha experiência de vida, é um mês bem curioso. As pessoas começam a planejar alguns dias de descanso e de festas. Outros, vários dias ou semanas, a depender das possibilidades de cada um. O comércio se anima diante da chance de vender mais, os restaurantes ficam lotados com as confraternizações e, o mais paradoxal, é se come muito mais neste mês, enquanto a maioria quer um corpinho de academia para curtir o verão.

É o mês em que a maior parte dos trabalhadores recebe o 13º salário, que para alguns significa a chance de gastos extras e, para outros, o pagamento de contas em atraso. As “Black Fridays” da vida tem seu ápice no dia da 1ª parcela deste abono, inclusive. Durante semanas as pessoas vão sendo seduzidas pelas ofertas, muitas delas falsas, no famoso “tudo pela metade do dobro”. E de comprinha em comprinha, o brasileiro vai construindo dívidas novas para o ano que logo mais de iniciará. Não deixa de ser renovação, rs.

Fim de ano para professores existe duas vezes, por sinal. Junho e dezembro viram irmãos gêmeos. Provas, fechamento de notas, alunos em desespero, professores exaustos e coordenadores ainda mais. Já estive em todas essas posições e sei bem sobre a síndrome do fim de semestre. Só que no fim de ano tudo fica pior, parecendo fim do mundo. Sem dizer que se abre a temporada das histórias tristes. Alguns alunos poderiam, inclusive, receber indicação ao Oscar de melhor ator/atriz dramático.

Academias lotadas de pessoas de todas as idades, na busca desesperada pela equação ganho x perda ou pela escala 11x1, onde 1 é o mês que tem a obrigação de dar sumiço nos quilos dos outros 11 meses. O problema é que dezembro é um mês cruel para regimes, já que as confraternizações parecem brotar do chão. Como os Titãs diziam “a gente não quer só comida, a gente quer comida, diversão e arte”! Eu acrescentaria: descanso e pix para qualquer parte”, porque, sobretudo em dezembro, “comida não pasto” e “bebida não é água”.

E tem a coisa das metas. O que a gente se prometeu ou aos outros em janeiro? Ainda bem que eu nem escrevi, porque já esqueci uma parte, talvez até intencionalmente. O maior problema, penso, é o que a gente se prometeu. Eu estou buscando minha autorredenção pelas coisas que nem cheguei perto de cumprir e, em parte, fingindo que ainda faltam três meses para acabar o ano.

Sigo aqui, firme como prego na areia, tentando dar conta dos livros que não li, dos cafezinhos que não marquei, dos prazos que tenho de fato que cumprir, das provas para elaborar e corrigir, dos textos que preciso escrever, das festas que quero ir, dos quilos que gostaria de perder e, porque não dizer, comer as guloseimas festivas, enquanto durmo e assisto séries e filmes natalinos.

E daqui a pouco, meu povo, chega aquela cantora com o temido “e o que você fez?”, para o desespero de toda nação.

Cinthya Nunes é jornalista, advogada, professora universitária e está no olho de um furacão chamado “fim de ano” – Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo./www.escriturices.com.br